GrafitagemO Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) e Centro de Internação Feminino (CIF) de Florianópolis propuseram uma série de atividades e projetos em 2019, com resultados positivos em termos de processo socioeducativo. Um deles foi o de Oficinas de Graffiti, proposto pelo setor de Psicologia, sob supervisão da psicóloga Tathiana Reche Santa Rosa, em parceria com o psicólogo Renan de Vita Alves de Brito, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O trabalho foi formatado em seis encontros, que contemplaram tanto os adolescentes do Case quanto do CIF e contaram ainda com a participação das estagiárias de Psicologia, Amanda Garcez e Cláudia Rodrigues. As atividades foram estruturadas da seguinte forma: exposição da trajetória do psicólogo com a arte do Graffiti e oficinas estéticas; debate sobre a história da pichação e do graffiti; proposta de desenho individual pelos adolescentes; treino do uso dos sprays; preparação dos muros e realização do Graffiti.

No encontro final, foram convidados profissionais grafiteiros que atuaram como voluntários, produzindo a arte com spray nos muros da unidade em conjunto com os adolescentes (grafiteiros AlmaGaelGafaJapz, KoizaMandinha, Quinto, e Sari). Por meio dessa ferramenta criativa, buscou-se promover reflexões sobre ética e estética, quebra de paradigmas e transformação, construção de um espaço de escuta e contribuição para o protagonismo dos adolescentes conforme preconiza a Lei do SINASE (Lei 12.594/12). Alguns testemunhos dos adolescentes demonstram o caráter positivo da atividade: Adolescente1 “O que eu mais gostei foi aprender a usar os sprays e grafitar. Não quero que acabe...”; Adolescente 2 “Quero criar um desenho e convidar ele (voluntário) pra me ajudar grafitar. Gostei de todas as aulas, espero que tenham mais aulas. E as pessoas que aceitaram o convite de vir aqui no CIF grafitar, agradeço elas”; Adolescente 3 “O graffiti na minha opinião é uma atividade superprodutiva, muito da hora, legal mesmo”.

No próximo semestre, pretende-se dar continuidade às atividades artísticas dentro das unidades, visando promover ampliação das ações de caráter Socioeducativo.  

Outra atividade proposta foi a participação de duas adolescentes do CIF ao I Seminário de Práticas em Psicologia - Processos Comunitários e Ações Coletivas na UFSC, no dia 26 de junho. A atividade sociopedagógica foi motivada pela apresentação de um trabalho acadêmico produzido pelas estagiárias de psicologia, Cláudia Rodrigues e Amanda Garcez, referente às oficinas de graffiti mencionadas acima. As adolescentes assistiram ainda à apresentação de outros trabalhos acadêmicos que abordavam a atuação da Psicologia em Questões de Gênero e Violência Doméstica.

O mesmo setor propôs ainda, no primeiro semestre de 2019, um projeto para elaboração de uma revista junto aos adolescentes do Case e CIF, desenvolvido pelas estagiárias de psicologia, Laura Caipa e Julia Peiter. Os objetivos seriam compartilhar sentimentos e expor experiências vividas e contadas, material produzido pelos próprios jovens, além de provocar reflexões sobre os sujeitos que compõem o sistema socioeducativo nestes dois centros. Foi oferecido um espaço de grupo onde os jovens puderam ser vistos, ouvidos e ouvir, fundamentado na noção de que o sujeito se constrói no contato com os acontecimentos e com isso, pode pensar em outras formas de estar na sociedade. Foram realizados cinco encontros em cada unidade, com duração de aproximadamente uma hora cada com participação média de dez jovens por grupo. Inicialmente foi feito levantamento dos principais temas de conversação propostos pelos jovens e estes foram elencados com algumas formas de subjetividade em circulação, como, por exemplo: vínculos afetivos, cultura, liberdade, cidadania, responsabilização, interesses pessoais, entre outros. Foi dada liberdade para produção do material, que poderia ser construído, além do tradicional escrito, utilizando desenhos, rimas, músicas, figuras, colagens, etc.

Ao final do projeto, o sentido da atividade foi debatido e os jovens disseram que o trabalho possibilitou falar sobre coisas além do crime, descobrir novas habilidades e interesses, assim como conhecer uns aos outros de outras formas.

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